Startup Agro Minds avalia cenário de bioinsumos no Brasil

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Em artigo publicado no portal AgNews, a Agro Minds, startup de inteligência de dados, detalha como o Brasil se tornou uma referência global em bioinsumos, as vantagens dessa tecnologia e os desafios para sua consolidação.

O País é um dos mais avançados na adoção de bioinsumos, sendo pioneiro na regulamentação e no desenvolvimento desse setor. Impulsionado tanto por políticas públicas quanto pelo interesse do setor privado — devido aos benefícios ambientais, econômicos e sociais que esses produtos oferecem —, o crescimento do mercado de bioinsumos no Brasil é devido a vários fatores:

Regulamentação da Lei de Bioinsumos e Redução da Burocracia

O Brasil avançou com a nova Lei de Bioinsumos (15.070/2024), ainda a ser regulamentada para contemplar diversas questões. Amanda Bulgaro, Gerente de Regulação Federal da AENDA, observa que permanecem alguns desafios a serem abordados, como o registro por múltiplas funções (por exemplo, o mesmo microrganismo exigindo múltiplos registros para diferentes usos).

Políticas Públicas Favoráveis

José Victor Torres, Coordenador Geral de Agrotóxicos e Afins do Ministério da Agricultura (MAPA), observa que, desde a década de 2010, o governo brasileiro tem incentivado a adoção de bioinsumos por meio de regulamentações diferenciadas para o registro de produtos. Programas como o Programa Nacional de Bioinsumos, lançado em 2020, visam estimular a pesquisa, a inovação e a produção de insumos biológicos. 

Biodiversidade Única

A vasta biodiversidade do Brasil oferece um potencial inexplorado para descobrir novos microrganismos benéficos. Muitas empresas e instituições de pesquisa estão trabalhando para identificar e desenvolver produtos a partir da rica microbiota do solo brasileiro.

Crescente Demanda por Agricultura Sustentável e Manejo Integrado de Pragas

Com o aumento das preocupações ambientais, restrições internacionais a produtos químicos, reduções nos limites máximos de resíduos e pressão para reduzir a pegada de carbono da produção agrícola, os bioinsumos se tornaram uma alternativa viável para os produtores que buscam sustentabilidade. Fabio Kagi, Gerente de Relações Institucionais e Regulatórias do Sindiveg, destaca que os bioinsumos ampliam as opções de manejo integrado de pragas e prolongam a longevidade das moléculas contra a resistência das pragas.

Avanços Tecnológicos

Inovações em biotecnologia possibilitaram o desenvolvimento de bioinsumos mais eficientes e acessíveis. Paulo Campante, Diretor Regional da Elemental Enzymes para a América Latina, afirma que empresas e universidades brasileiras têm investido em pesquisa para melhorar a eficácia e a estabilidade desses produtos, tornando-os competitivos em relação aos insumos tradicionais. Isso também atraiu empresas internacionais para o Brasil.

A Agro Minds também destaca vários benefícios para os agricultores e o meio ambiente, entre eles, a redução da dependência de insumos químicos importados, menor impacto ambiental e melhoria da saúde do solo 

Desafios para a Expansão dos Bioinsumos no Brasil

A empresa aponta também alguns desafios para que o Brasil consolide sua posição como líder em bioinsumos. Além da disseminação do conhecimento sobre os benefícios dos produtos, de treinamento técnico e assistência especializada, é necessário investimento na produção e na infraestrutura logística.

Brasil em Números

Segundo a Agro Minds, o Brasil registrou:

744 biodefensivos

695 inoculantes

1.460 biofertilizantes e fertilizantes orgânicos

90 condicionadores (ou condicionantes) biológicos de solo

Sobre os biodefensivos, 62% foram registrados nos últimos cinco anos. Para outras categorias, 90% foram registrados ou tiveram seus registros renovados nos últimos cinco anos (uma exigência de renovação quinquenal). 

A Tabela 1 mostra o histórico de registros de bioinsumos ou renovações nos últimos anos.

Outra observação da Agro Minds é sobre a variabilidade dos microrganismos. Embora o Brasil tenha excelência na produção de bioinsumos, 64% dos registros de biodefensivos correspondem a 10 microrganismos (Beauveria bassiana, Metarhizium anisopliae, Trichoderma harzianum, Bacillus thuringiensis, Bacillus amyloliquefaciens, Cotesia flavipes, Bacillus subtilis, Spodoptera frugiperda múltiplo nucleopoliedrovírus (SfMNPV), Bacillus velezensis e Trichogramma pretiosum), conforme mostrado na Tabela 2. No caso dos inoculantes, a concentração é ainda mais pronunciada: 73% dos registros referem-se a 3 microrganismos: Bradyrhizobium sp., Azospirillum brasilense e Rhizobium sp.

O caminho para estabelecer o Brasil como a potência dos bioinsumos é claro, como afirmado por Eduardo Pesarini, Diretor de Operações e Cadeia de Suprimentos da Biotrop, pioneira em bioinsumos no Brasil. Agora, são necessários esforços intensivos para garantir que essa revolução biológica beneficie toda a cadeia produtiva e a sociedade como um todo.

Fonte: AgroPages – Leonardo Gottems

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