Oligopolio sem Freios

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OLIGOPÓLIO SEM FREIOS

Quando poucas empresas dominam comercialização de um determinado produto ou serviço é o cenário econômico denominado oligopólio. No caso extremo de um só fornecedor abastecer a todos, chamamos de oligopólio. Nessas duas condições o consumidor fica a mercê da manipulação dos preços.

A concorrência plena, com muitas empresas dividindo o mercado, é uma situação mais equilibrada do ponto de vista econômico, tanto para o consumidor quanto para o País. Por isso, é dever do Estado monitorar os segmentos e conceder condições, através de estímulos definidos por leis, para o equilíbrio ficar estabelecido.

Em 2008 o mercado brasileiro de defensivos agrícolas alcançou US$ 7,07 bilhões em vendas, e, as 10 maiores empresas representaram 84,4% (US$ 5,96 bilhões); números que já mostravam um mercado oligopolizado.

Com a diferenciação dos produtos em Equivalentes/Genéricos (2 ou mais ofertantes) e Especialidades/Patenteados (1 só ofertante), ocorrida na edição do Decreto 4074/2002, as estatísticas começaram a dar números para os dois grupos. E, por valor e quantidade, os Equivalentes ficavam na dianteira nos dois quesitos. Porém, entre 2009 a 2010, o grupo dos produtos Especialidades inverteu de forma surpreendente as estatísticas no quesito do valor, pois vendendo apenas 15% da quantidade total registrou faturamento de 58% do total em valor.

As forças pró-oligopólio estavam aplicando suas estratégias de dominação do mercado. Foram incorporando os genéricos mais importantes a seus portifólios, adquirindo empresas menores, praticando troca de produtos por colheitas, crédito mais barato que o sistema bancário para vendas a prazo, e outras medidas difíceis de serem copiadas por empresas sem lastro de capital suficiente para tal.

De tal forma que agora, em 2019, o oligopólio dos defensivos no Brasil passou a outro patamar. Segundo o Painel de Empresas o faturamento de defensivos em 2019 foi de US$ 12,4 bilhões.

Ranking Empresa Faturamento em bilhões de dólares
SYNGENTA US$ 2,517
BAYER US$ 2,022
BASF US$ 1,309
CORTEVA US$ 1,286
FMC US$ 1,090
UPL US$ 1,025
ADAMA US$ 0,652
NUFARM US$ 0,639
IHARABRAS US$ 0,510
10º NORTOX US$ 0,342
MERCADO TOTAL US$ 12,4

 

É claro que existem outras empresas no mercado, mas o somatório não dá nem os US$ 600 milhões que faltam para chegar a US$ 13 bilhões.

Observem que as 7 primeiras já atingem mais de 80% do total. As 5 primeiras alcançam 66% e as 3 primeiras 46%.

Se considerarmos a ADAMA somada à SYNGENTA, visto que são do mesmo grupo (CHEMCHINA), as 3 primeiras ficariam com a fatia de 52% do mercado; e as 5 primeiras com 71%. Pedindo licença para o neologismo, nosso oligopólio já é um tripólio.

E a oligopolização continua trabalhando. No final do ano passado foi anunciado que a NUFARM foi adquirida pela SUMITOMO, a qual não participa diretamente do mercado, mas é um fornecedor importante para algumas empresas citadas no quadro de faturamentos.

Fazendo analogia com um cavalo sem rédeas correndo no campo, o avanço do oligopólio na concorrência de defensivos está desembestado.

Eng. Agr. Tulio Teixeira de Oliveira – Diretor Executivo da AENDA

www.aenda.org.br / aenda@aenda.org.br

Março.2020

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