A SÍNDROME DOS AGROTÓXICOS

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Ao menos desde 1962, com a publicação do livro Silent Spring, de Rachel Carson, os pesticidas vêm sendo atacados implacavelmente por ambientalistas de toda ordem. Correntes médicas aos poucos foram fazendo coro. Para os meios de comunicação tem sido um prato cheio para promoção de discussões. Nesse contexto, prevalece a desinformação em detrimento da ponderação científica. Sobressai uma postura fundamentalista.
No Brasil a exacerbação chegou a tal ponto que esses produtos deixaram de significar agentes controladores das pragas que diminuem nossas colheitas de alimentos e passaram a ser chamados pejorativamente de “tóxicos do agronegócio”, e o Poder Legislativo entrou na onda e criou a Lei 7.802/1989, a Lei dos Agrotóxicos.
No seio da sociedade, toda essa catarse transformou-se em abjeção aos agrotóxicos, com tal intensidade que o terror imaginado estremece os neurônios e afeta sensivelmente a capacidade de raciocínio lógico, e, a reação psicossocial resultou no surgimento de uma nova doença, a síndrome dos agrotóxicos.
A sintomatologia da nova doença ainda não está descrita oficialmente nos meios acadêmicos da medicina, mas foram relatados casos de confusão mental (a pessoa fala e ninguém entende), histerismo (agressividade de causa desconhecida), isolamento social, medos inexplicáveis e até desmaios em eventos correlacionados ao tema.
Leiam a seguir situações que corroboram a tese dessa síndrome.
RESERVA TERRA GRANDE-PRACUÚBA: O ICMBio ao editar a Portaria 153/2013 para elencar as atividades de gestão desta Reserva instituída no interior do Pará, estabeleceu regras para a abertura de roças de até 20 tarefas (mais ou menos, 3.700m2), e, entre elas, a proibição do uso de agrotóxicos nessas roças. O(s) autor(es) de tal norma ainda complementou(aram): “Em casos extremos de surtos de pragas em que há risco de perda total da lavoura, sempre buscar alternativa de produtos naturais e em último caso, usar agrotóxicos, desde que autorizado previamente pelo ICMBio”. É ou não é um transtorno delirante?
REUNIÃO DE PESQUISADORES DE AGROTÓXICOS: Curitiba, 29 a 31nov2012 – pesquisadores de empresas prestadoras de serviços de pesquisa e de estações experimentais tiravam dúvidas com técnicos do Ministério da Agricultura sobre as regras a que estão condicionados pela Instrução Normativa Conjunta 25/2005 e pela Instrução Normativa 36/2009 (modificada pela IN 42/2011), quando surgiu a questão do fracionamento do produto de sua embalagem original para frascos com quantidades a serem usadas em parcelas no campo, conforme desenho do experimento. Pesquisadores informaram que já foram até autuados por fiscais do MAPA por promoverem esse lógico e necessário fracionamento. O MAPA informou que não era possível fracionar, em razão de dispositivos do próprio Decreto 4074/2002. Aqui a doença, presente em forma latente, ressurgiu como transtorno neurótico e confusão mental. O Decreto 4074 não permite o fracionamento para comercialização de produtos; e, mesmo que impedisse para pesquisa, a atitude socialmente sensata seria propor alteração na legislação, por erro material.
MESA DE CONTROVÉRSIA SOBRE AGROTÓXICOS – CONSEA: Nos dias 20 e 21set2012 o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, órgão assessor da Presidência da República, subscrito por 19 Ministros e apenso ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome do Brasil, organizou esse evento, onde desfilaram palestrantes com enfoque previamente conhecido contra os agrotóxicos e nenhum a favor. Durante o evento foram distribuídos documentos, como “Os Impactos dos Agrotóxicos na Segurança Alimentar e Nutricional – CONSEA”, “Agrotóxicos no Brasil – Um Guia para Defesa da Vida”, Dossiê Abrasco – Um Alerta sobre os Impactos dos Agrotóxicos na Saúde”, “Cordel – A Maldição dos Agrotóxicos” e “Uma Compilação de Matérias Contra os Agrotóxicos – CONSEA”. Ou seja, uma importante reunião governamental organizada de forma unidirecional e secretariado pela própria Ministra Tereza Campelo. Com certeza foi um surto da doença ocorrido em Brasília, onde as pessoas acometidas manifestaram transtornos delirantes.
RIO + 20: Durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, ocorrida em 2012 no Rio de Janeiro/RJ, um grande grupo de ativistas do MST e da VIA CAMPESINA invadiu e depredou parte do estande da CNA, justamente onde as informações sobre insumos agrícolas estavam expostas, inclusive os agrotóxicos. Claramente, o grupo sofria de transtorno de conduta que levou ao histerismo e conseqüente violência.
Eng. Agr. Tulio Teixeira de Oliveira – Diretor Executivo da AENDA

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